As primeiras formas de fechamento de vestuário datam de 2000 a.C. e, de
acordo com as pesquisadoras Epstein
& Safro (1991, p. 23), foram encontradas na região da Pérsia, Grécia e Egito. Esses
objetos parecidos com o botão moderno eram de vidro, pedra, ouro e barro. As
autoras defendem que eram mais usados como miçangas, emblemas ou ornamentos.
Anos depois, no Império Romano, ainda foram encontradas evidências do uso de
botões comprovada na moeda do século VIII d.C. que exibe a imagem do Imperador
Lothair usando um manto preso no pescoço por três botões. Outros
autores, no entanto, defendem que “os botões são usados como parte decorativa
do vestuário desde o século XIV” (O’HARA, 1996, p. 50), na Idade Média. Talvez,
o que O’Hara deva ter intencionado dizer, foi que nesta época, os botões se
popularizaram entre os nobres e eram artigo de status (REMAURY, 1994, p. 85), fabricados por especialistas
(EPSTEIN & SAFRO , 1991, p. 23).
Os fabricantes de botões apareceram no século XII, mas apenas nos
séculos XV e XVI é que a indústria dos botões se implantou na Europa. Os
cruzados que foram à guerra contra os infiéis no Oriente Médio voltaram para a
Europa a novidade de fazer casas para os botões, em vez das precárias alças de
linha da época, o que tornou possível trajes
ajustados ao corpo, bem mais sensuais e reveladores (WHITTEMORE, 1992, p.8).
No século XVI, era comum os muito ricos competirem em quantidade e
qualidade. Ficou famoso o traje de veludo negro com 13.600 botões de ouro que o
rei Francisco I da França usou em 1520 para recepcionar – e ofuscar – o rei
Henrique VII da Inglaterra (WHITTEMORE, 1992, p. 8). O botão ganha popularidade
a partir de meados de 1.730, quando surgiram os primeiros botões de madeira e
osso banhados com metal dourado (EPSTEIN & SAFRO, 1991, p. 25).
De acordo com a pesquisadora inglesa Georgina O’Hara, autora da
Enciclopédia da Moda: “No início do século XIX, botões de tecidos feitos à
máquina e botões de cerâmica, vidro e papel machê já existiam, mas não
apareciam muito na moda da época” (1992, p. 50). A autora afirma que a moda
absorveu botões de diversos materiais como: vidro preto, aço e latão talhados,
madrepérola, chifre moldados, ao longo do século como pode ser visto em
diversos desenhos de moda. No final do século XIX, pode-se encontrar botões
feitos à mão feitos por artesãos ingleses do movimento Arts and Crafts que
prezavam um resgate ao trabalho manufatureiro (WHITTEMORE, 1992, p. 11).
Outro marco na popularização do botão aconteceu no século XX, nos anos
1930, quando se iniciou o uso de resinas sintéticas para a fabricação de
botões, elemento que permitiu fazê-los de todas as formas, cores e tamanhos,
como se pode observar nos exemplares com formas limpas, com padrões geométricos
e refinadas, características do Art Deco (EPSTEIN & SAFRO, 1991, p. 135).
Com certeza o botão – attaché
ou boutonnier para os franceses (REMAURY, 1994, p. 85) e buttons para os ingleses (WHITTEMORE,
1992, p.8) –, ainda é a principal forma de fechamento de vestuário, e tem sido feito de diversos
materiais ao longo da história e das invenções do homem. A escolha de qual
botão deve ser usado para cada peça é um interessante objeto de estudo, pois há
vários fatores envolvidos, como o modismo, materiais, tendências e evoluções
tecnológicas.
Referências
EPSTEIN, Diana; SAFRO, Millicent. Buttons. 1. Ed. Nova Iorque: A Times Mirror
Company, 1991.
O’HARA, Georgina. Enciclopédia
da Moda. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
REMAURY, Bruno. Dictionnaire De La Mode Au XXe
Siecle. Paris: Editions du Regard, 1994.
WHITTEMORE,
Joyce. The Book of Buttons: A
pratical and creative guide to the decorative use of
buttons.
1. Ed. Londres: Dorling Kinderley, 1992.
Pesquisa de Gabriel Kazuo Takeda
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